As voltas que o vinho dá.
Tem novidades na praça
Por José Petit Rodrigues
Os mais antigos se lembram dos vinhos portugueses que chegavam ao Brasil em outros tempos. Eram mais pesados e, como se diz hoje, “pegavam” ao engolir. De uma certa forma, o mundo produzia vinhos mais em escala do que em qualidade. Isso começou a mudar quando o advogado norte-americano Robert Parker, na onda do iniciante direito do consumidor, se rebelou com o preço de determinados vinhos, que ele achava que não valiam o que era cobrado.
Começou então a pontuar os vinhos
para indicar aos consumidores produtos que tinham preços honestos. Isso
agitou o mercado, que logo descobriu que o vinho valorizava muito com uma boa
nota de Parker. E começou um fenômeno interessante: passou-se a produzir
pensando na boa pontuação, mesmo que isso ferisse alguns princípios e
tradições.
Para isso, era preciso melhorar a qualidade dos vinhos,
cuidando melhor da terra, das parreiras e de todo o processo produtivo, que
passou a ser encerrado nas barricas de carvalho. Sempre pensando nas notas, os produtores
passaram a agregar valores em seus produtos e a melhora da qualidade foi muito
intensa nos últimos anos.
Assim é que o vinho melhorou, mas perdeu um pouco de sua
alma. Era preciso voltar às raízes, devolver a multiplicidade de terroirs,
sabores que cada região do mundo tem como característica natural.
E os vinhos estão dando nova volta. Exemplo disso nos dá o
enólogo Carlos Lucas, cria do Dão, que passou a produzir os vinhos não só com
seus conhecimentos, mas com muita alma. A sua e a da região. E todos os amantes
da bebida voltaram a ganhar: o novo vinho de raiz assimilou toda a técnica produtiva e mostrou
todo terroir com uma força apaixonante: Característica mantida, mas com muito
grande aumento da qualidade. E todos nós ganhamos.
E junto com esses grandes rótulos, chega ao Litoral paulista
uma nova importadora e distribuidora de vinho, a ZattoMarket, com uma proposta
bem interessante: oferecer aos enófilos produtos de acordo com seu gosto. Sempre
obedecendo o princípio de grande qualidade com bons preços. É um desafio e eu
fui chamado para participar com a experiência que adquiri nos últimos dez anos
de Petit Verdot e a vontade insaciável de aprender mais.
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