No mundo das ideias,no mundo do vinho. Na vida!
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Com Nicolas Catena, uma boa conversa |
A Petit Verdot viveu exatos dez anos e, como um sonho não acaba, vai se reciclar dentro do novo normal, sempre ajudando a desvendar o fantástico mundo do vinho!
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Com Vigil, amigos |
Lá pelos anos 50, eu criança adorava o Natal, com Papai Noel, aqueles coisas gostosas para comer. Mas tinha também a Cesta de Natal Amaral. Meu pai pagava o ano todo uma pequena prestação, concorria a sorteios semanais, que a gente escutava pela Rádio Nacional e, em dezembro, o grande momento: a chegada daquelas maravilhas, como castanhas, doces e outras coisinhas mais que a insipiente sociedade de consumo não permitia no dia a dia. Eramos felizes e não sabíamos...
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Susana Balbo me apresenta Crios Red Blend |
A abertura da Cesta de Natal era uma das melhores coisas do ano e eu, já com sangue de jornalista na veia, era o mais curioso. E ansioso: afinal, tinha de pegar primeiro o vinho licoroso que vinha numa garrafa em formato de cacho de uva. Era meu e do meu irmão Roque.
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Eu, Felipe Toso e Cláudia Garcia na PV |
Criança, naquela época, podia dar uma bicadinha no vinho. Era uma tradição de uma família espanhola. Do licoroso, logo pulei para o Porto e as pessoas não me levam a sério hoje quando digo que esse fortificado era o vinho de minha infância...
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Dona Leonor Freitas, sempre falando de vinho |
Mas a gente cresce e eu cresci com o vinho. Não sou, portanto, nenhuma referência às novas gerações. O fato é que nunca deixei de gostar de vinho, mesmo que isso causasse algum desconforto: ia comprar numa loja e logo me ofereciam um inacessível ao meu bolso. Saia frustrado, meio que envergonhado, ao levar uma garrafa mais barata para casa.
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Alejandro Galaz e as Ramiretes. Bons tempos |
No restaurante, a coisa se repetia. Olhava o cardápio, escolhia a comida e vinha logo a vontade de acompanhá-la (não existia harmonização naquela época...) com um vinho. E a carta de vinhos era um indicativo que meu dinheiro não ia dar ou que os produtos não valiam o que era cobrado. Pedia, então, uma cerveja e não se falava mais nisso.
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O grande Antonio Saramago não resistiu e cantou na PV |
Já aposentado, peguei carona num projeto de minha filha Maria Luiza, chef de mão cheia, que pretendia abrir um café em Santos. Resolvemos que podia ser um ponto de encontro mais completo: além das rodas de cafezinho, poderíamos reunir os amigos para um happy hour com vinho.
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Com o irmão Nico, poesia de Neruda & vinho |
Começava aí uma missão. Com o aprendizado de vida, passei a buscar bons vinhos a preços honestos para compor o portfólio da nascente Petit Verdot, sempre usando meu faro - digamos - jornalístico. Foi um trabalho árduo, principalmente pela quantidade de vinho ruim que tive que experimentar... (sejamos honestos: os bons que experimentei compensaram com folga isso. E nem era tão árduo assim...).
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Alejandro Rabino, a "Expeiência Santos" |
Percebi cedo que não tinha vocação para vendedor. Meu negócio era prestar serviço: descobrir qual vinho a pessoa queria beber naquele momento, no preço que queria pagar. O mais difícil sempre foi conciliar o vinho com duas pessoas de gostos diferentes: um vinho só para um casal em que um bebe vinho seco e outro doce, por exemplo.
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Com Francisco Olizabal e o Vale Meão |
E foi assim que a Petit Verdot se formou: democraticamente, respeitando o gosto e a vontade de cada um. É proibido empurrar vinhos mais caros, é proibido impor nossa vontade à do cliente.
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Paulo Laureano de sempre |
Esse espírito democrático acabou moldando o que é a Petit Verdot hoje: o que ia ser um café, uma loja com possibilidade de degustar vinhos no final da tarde acabou se transformando num wine bar. Isso aconteceu de forma natural: os clientes foram espichando o horário e raramente fechava antes da meia-noite.
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Cecilia Torres, com muita honra |
Isso me impressiona muito: ter um local que todos se sentem em casa. E nada mais justo, pois cada um de nossos amigos-clientes participou da formação da alma da Petit Verdot. E eu sempre me pergunto: o que seria da Petit Verdot sem esses amigos-clientes tão especiais?
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A irmã Fabiana Bracco |
Natural, portanto, que o sucesso da Petit Verdot seja compartilhado entre todos. Com uma taça de vinho, logicamente.
Foram exatos dez anos de muitas histórias, de muita emoção e chegou a hora de reciclar diante do novo normal. Deixa de ter atendimento presencial no quintal mais charmoso de Santos, título concedido pelo Jornal A Tribuna, mas continuará bem pertinho de você.
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Com Jean-Jacquesm na Diamandes |
Aguarde, pois logo teremos novo capítulo da Petit Verdot.
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