Foi um vinho que passou em minha vida

Foi um vinho que passou em minha vida

Às vezes bate uma saudade de coisas antigas. E esta semana matei, bem matada, uma dessas vontades que a gente acumula ao longos dos anos: bebi um Etchart Privado Torrontés como fazia nos anos 70, na minha distante juventude. Era meu branquinho preferido e admirava muito sua qualidade e honestidade. Valia o dinheiro que a gente pagava (cruzeiro, cruzeiro novo, cruzado...).

Abri a garrafa temendo me frustrar por ele não ser mais o mesmo. A primeira impressão - no nariz - foi boa: nada mudou. Novo vacilo, temendo decepção, mas o primeiro gole teve o efeito mágico das máquinas do tempo. Estava lá o mesmo vinho a despertar minhas lembranças, vivências. Como pode?, pensei. Confesso que não procurei resposta imediata: preferi reviver grandes momentos de minha vida ao lado desse fiel companheiro, de tantos anos. E, insaciável, já penso em abrir outro. (José Petit Rodrigues)