sexta-feira, 11 de março de 2022

Um vinho, minha vida

 

Um vinho, minha vida

Este textinho comemorativo completa um ano e estou cada vez mais pacifista, menos radical e mais Cristão (Zé Petit Rodrigues)

Hoje completo 70 anos e, como diria Neruda, confesso que vivi. No isolamento físico, conforme determina o bom-senso, mas muito confortado pelo carinho dos amigos que alavancaram minha vida. Foram 70 primaveras, mas também 70 invernos... E só tenho de agradecer a Deus pelos problemas que tive de enfrentar para crescer e das bênçãos que nunca me faltaram.
Pensava como resumir minha vida e o amigo Raphael Allemand, sem saber, resumiu no presente que me ofereceu. Um vinho francês de Bordeaux chamado Les Mains Sales, ou As Mãos Sujas. É o mesmo nome de um dos livros mais marcantes de minha vida, escrito pelo mestre Sartre. Adolescente-maturado, era um radical político e ideológico. Essa obra desconstruiu meu radicalismo, me libertou das amarras dos dogmas que fanatizam nossa fé e nossa ideologia. Foi uma libertação e passei a ver o mundo com outros olhos, bem mais sensatos e lúcidos.
A uva desse vinho também foi marcante em minha vida: Petit Verdot. Emprestei esse nome para o wine bar que sempre idealizei: um lugar para o exercício da fraternidade, ponto para beber informalmente um bom vinho, sempre regado por um bom papo. Um contraponto ao mundo virtual de hoje, a volta do olho-no-olho que nos proporciona esse concerto de corpo e alma que nenhuma tecnologia irá proporcionar. A safra? 2012, quando a Petit Verdot, com um ano de vida, começou a desabrochar.
Um vinho, uma vida. Agradeço a todos que caminharam comigo nesta jornada, que brindaram comigo na alegria e me ampararam na dor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário