sexta-feira, 9 de maio de 2014

Um encontro com Nicolás Catena. E uma lição de vida

Nicolás Catena apontando o nome Petit Verdot no crachá
     É, as aparências enganam.
     Pelas fotos, sempre imaginei que aquele senhor magro, sério, tinha tudo para ser uma pessoa fechada em seu mundo, antipática, capaz de manter a distância de um rei e seus súditos. Afinal, Nicolás Catena pode nos olhar de cima, sabendo que produz grandes vinhos, respeitados no mundo todo.
     Quando vi o sr Nicolás Catena pertinho de mim no Encontro Mistral 2014, realizado esta semana em São Paulo, não deixei de reverencia-lo. Ele estava cercado por fãs, servindo seus vinhos com extrema elegância e paciência, sempre com um sorriso no lábio.
Fui me aproximando aos poucos e ao chegar bem perto, tive uma surpresa. Ele olhou para mim, depois viu o nome da Petit Verdot no crachá e me disse, sempre simpático:
     - Foi meu pai quem levou a uva petit verdot para a Argentina, mas não temos plantio.
     Perguntei se ele conhecia os varietais dessa uva, que já tem vários produtores na Argentina e ele disse que não. Mais um pouco de conversa, indiquei o Decero e ele me agradeceu.
     Ao virar as costas, eu estava realizado e, ao mesmo tempo, meio frustrado comigo mesmo por fazer prejulgamento das pessoas. Tinha ficado alguns minutos ao lado do papa dos vinhos argentinos e mais uma vez pude constatar: os sábios são simples porque sabem do que são capazes, não precisam se envaidecer, não precisam se mostrar para ninguém. E é bem provável que ele, sempre sorridente, tenha pensado ao me ver afastando: esse tem ainda muito a aprender. (JR)

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