Na Catena Zapata, uma experiência
daquelas que os humildes mortais sonham em ter um dia,
mesmo sabendo que é improvável que isso aconteça
É realmente muito difícil amar um
inimigo, por mais que seja um preceito bíblico. Mas há inimigos e inimigos. Tem
aquele que carregamos dentro da gente, que nos trava, impede nosso crescimento
e tira nossas forças. Pode ser o pior deles, na medida em que ele nos tenta
impedir, pelo medo, a dar o passo para a mudança que nossas vidas impõem. Esse
inimigo íntimo merece ser vencido numa luta sem tréguas até que suas forças se
exaurem e seja convertido num amigo.
Nascida entre videiras, ela estudou na Europa e ao retornar a Mendoza tinha uma idéia na cabeça: fazer seu próprio vinho. Sem que Nicolas soubesse, adquiriu terras e se aliou a ninguém menos do que Alejandro Vigil, o principal enólogo da Catena Zapata, a empresa de sua família.
Aí começou a luta de Adrianna para vencer o desafio de sua vida, digo, o inimigo de sua vida: fazer um vinho a altura da tradição dos feitos pelos seus antepassados e pelos irmãos Ernesto e Laura. Vinho pronto, ela e Alejandro só tinham o que comemorar: e emenda havia ficado melhor que o soneto. Talvez Adrianna e Vigil estivessem naquele momento vencido o inimigo comum, de fazer seu próprio vinho.
Cecília Lopes inicia a degustação |
Hoje El Enemigo é uma linha de vinho espécie de alter-ego de Alejandro Vigil, que o trata como um de seus filhos. Começa com o chardonnay, passa pelo malbec e pela bonarda e chega num de meus preferidos, o corte de syrah-viogner.
El Enemigo cresceu e seu irmão maior, o El Gran Enemigo Single Vineyard Gualtallary 2010 é um ícone na Argentina: produzido com a uva que pode virar um novo sucesso como é a malbec, a cabernet franc, esse vinho foi o mais pontuado por Robert Parker entre todos os argentinos provados – 97 pontos. Mais: é também o cabernet franc que recebeu do crítico norte-americamo a maior nota entre todos os produzidos no mundo. Se você torce o nariz para Parker, informo que o inglês Tim Atkin cravou 94 pontos e o norteamericano Sthephen Tanzer deu 93. Há também o el Gran Enemigo cabernet franc na versão de Agrelo, com as seguintes notas: 95 pontos Parker, 95 de Atkin e 92 de Tanzer.
É muito? Não, é o justo. Tanto que há lista de espera para adquirir esses vinhos.
Constanza Hartung exibe os el Gran Enemigos |
Degustamos vinhos ícones da Catena ainda na barrica, como o
Catena Alta malbec e o Nicasia, na visita guiada por Cecilia Lopez, wine educator da
Catena Zapata. Depois, quatro tops já estavam
prontos para a degustação: os Catena Alta chardonnay, o malbec e o cabernet
sauvignon. Não precisa mais, porém as duas grandes estrelas da vinicultura
argentina nos esperavam, os Gran Enemigos cabernet franc de Gualtallary e o de
Agrelo. Creio que se Deus bebesse vinho, apreciaria a seleção. Da nossa parte,
restou um comentário ao ouvido da simpática Constanza Hartung, que trabalha com
Vigil: “Diga ao Alejandro que eu não merecia tanto”. (José Rodrigues)
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