quinta-feira, 30 de julho de 2015

A coragem de ousar de Leonor Freitas

   
Por José Rodrigues

        Na minha recente viagem a Portugal, tive o prazer de visitar a Casa Ermelinda Freitas e matar a curiosidade jornalística que sempre me acompanha. Sou admirador dos vinhos dessa vinícola que conseguiu a proeza de harmonizar seus vinhos com os preços, lançando produtos honestos a preços honestos. Fiquei surpreso com o tamanho do empreendimento, que produz 12 milhões de garrafas por ano e exporta grande parte delas, inclusive para o Brasil, via Orion.

        Fomos recebidos por Leonor Freitas, da terceira geração de mulheres que construíram a vinícola. Já nos conhecíamos, pois havia visitado a Petit Verdot no ano passado, quando combinamos essa visita. Ela estava um pouco preocupada e com razão: estava mantendo contatos telefônicos para agendar uma visita do presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, à Casa Dona Ermelinda. Mas nem por isso deixou de nos atender com muito carinho.
    
         Em volta de uma mesa na varanda da área de eventos, com vista para os parreirais e as instalações da indústria de vinhos, pudemos degustar o vinho que parece ser a paixão de Leonor: o alvarinho. Sim, um alvarinho produzido em Setúbal, bem longe do Minho, a terra do vinho verde. Trata-se de uma experiência vitoriosa. Como não podia deixar de ser, é um vinho muito diferente dos alvarinhos de Moção e Melgaço. É mais untuoso, lembrando no fundo um bom chardonnay, apaixonante no paladar,
       
         Gosto de vinhos diferentes e a coragem de criar de Leonora Freitas sempre me agradou. Num país de rígidas tradições, com mais de 150 tipos diferentes de uva, ela já havia inovado ao lanças varietais de castas francesas, como petit verdot, merlot e syrah, ao lado das tradicionalíssimas touriga nacional, alicante bouchet e outras. Creio que precisa de coragem para isso e coragem parece não faltar a Leonora, que conduz uma das maiores vinícolas portuguesas e é respeitada em todo o mundo do vinho.
       
          Entusiasta de seus vinhos, como a linha Terra do Pó, Leonor percebeu logo que precisaria usar tecnologia de ponta para produzir
com qualidade. Assim é que desde seus rótulos mais simples aos mais sofisticados, mantém um padrão invejável e preços muito honestos.

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