sábado, 2 de maio de 2020

Vinho, tão simples assim...

Vinho, tão simples assim...

Zé Petit Rodrigues

Eu não consigo evitar de rir de mim mesmo quando me lembro do que sofri nesse mundo do vinho. Quando chegou a tampinha screw cap, foi um horror. Era o tempo em que a gente pegava o saca-rolhas sem alavanca sem nada, enfiava na rolha e prendia nas coxas para puxar. às vezes saia pó de rolha, outra tomávamos banho de vinho. Sofríamos mas não desistíamos de beber.
Então apareceu a novidade, a tampa de rosca.Como era difícil abrir. Parece que tínhamos de fazer uma penitência por um gole de vinho. Tentava virar aquela rosca; umas cediam, outras não. Faltavam, confesso, força e inteligência.
E assim foi. O saca-rolha melhorou muito,não precisávamos mais fazer força por conta do efeito alavanca. Apareceram aqueles que injetavam ar e a rolha saia sozinha.
Já a tampa de rosca continuava a mesma. Até que um dia um amigo me viu sofrendo e ensinou o caminho das águas:
- Segura a tampa e vira a garrafa.
Tão simples assim,,, E resolvi também outro problema que me angustiava: abrir garrafa de espumante. Fi aí que pensei:
- Segura a rolha e vira a garrafa, Zé.
Meio caminho andado, mas faltava ainda descobrir muitas coisas: por que o vinho tinto depois de aberto estragava logo, mesmo na geladeira?.Ficava horrível.
Um dia resisti ao gosto ruim e, como tinha ficado bastante na garrafa, fui bebendo devagar e devagar descobri que era o gelo. E eu que gostava de tinto na temperatura ambiente... O vinho foi chegando na temperatura e pronto, estava perfeito. Aí perdi o argumento de espanhol de que, quando se abre uma garrafa de vinho, tem de beber inteira. Paciência.
Mais um aprendizado e este foi com o amigo Rodolfo Froes. Ele tem sempre uma meia-garrafa no jeito. Abre a grande e, antes mesmo de experimentar, guarda metade na geladeira. Se estiver inspirado, bebe a outra também. Se não, deixa guardada por alguns dias. A diferença é que ele guarda o vinho antes que se expanda, mantendo suas características originais. E eu que, no final a festa, pegava o vau vin e guardava o que restava o vinho em quantidade e já meia-boca.
Vivendo e aprendendo. Ou bebendo e aprendendo?

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