terça-feira, 6 de abril de 2021

Fonte da Galega, fonte de pecados

 

Fonte da Galega, fonte de pecados

O distribuidor desse vinho, Fernando Fernandes, conhecido em priscas eras por Fefer, mandou uma garrafa do tinto para o Zé Rodrigues dar sua opinião, que fez a avaliação com humor. Não acredite, portanto, em tudo que ler.

Esta semana, o Fonte da Galega tinto está em oferta: de R$ 60,00 por R$ 54,00. Quer conhecer? Peça pelo zap 13 99734.9494.

História – Fonte da Galega foi palco de uma tragédia lusitana que se assemelha à italiana Romeu e Julieta. Diz a lenda que um jovem português. conhecido por Fefer, apaixonou-se pela galega. Quando seus pais souberam, ficaram indignados.
- Como, uma galega?
Fefer tentou explicar, mas a calejada mãe retrucou:
Nem pensar. Uma rapariga do outro lado do rio, dos nossos inimigos da Galícia. Jamais poderá se casar com uma galega, essa pobretona.
Estava complicado:
Então, Fefer abusou de sua erudição e comentou na antiga língua local, o galaico-português, aqui traduzido para o português atual:
- Mãe, tenha calma. Como posso pensar em me casar com uma galega se sou vegetariano. Nada de carne. Galega, mãe, é uma leguminosa que aprecio muito e como sempre. Aliás, se tivesse que me casar com algo, casaria com a galega, que não me canso de comer e nunca teve dor de cabeça.
A mãe escutou aquilo, não entendeu nada e, a disfarçar, voltou ao seu cozido português.
Não coloco mesmo o chouriço, Fefer?
Bem, a história vai mais longe e escuto aqui uma voz a me lembrar que preciso falar de vinho, não de história.
Bem, vamos lá.

O Vinho - De uma cuidadosa análise visual, conclui que se trata, em primeiro lugar, de um vinho. Observando mais atentamente, conclui que se trata de um vinho tinto.
No gole de ataque, percebe-se claramente isso. Um vinho tinto.
No chacoalhar dos ovos, digo, da taça, essa característica marcante se confirma.
Temos, portanto e sem sombra de dúvida, um vinho tinto.
Ao olhar contra a luz, não se vê a perlage, tão fina como se ela não existisse. Esse é um dos mistérios do vinho. A gente vê o que não tem e não vê o que tem.
Prosseguindo: na boca, nos conduz aos vinhos antigos do além-mar. Mas não tão além, pois o mar está presente no fundo da boca, o que nos leva a desejar que, se tivermos de morrer afogados na praia, que a gente morra afogado nesse vinho.
(O gajo aqui está a mandar que eu não fique a divagar)
Voltando à análise científica do vinho. Procurei madeira e encontrei somente a da banqueta que estou sentado. Para mim é uma virtude, pois preferia uma banqueta almofadada, mesmo que recoberta de plástico.
Sem madeira, sobra a fruta. Nada de ameixa, mirtilo, azeitona, pera sem bengala, abacate, groselha, jabuticaba, essas coisas. Gosto de uva verde, com aquela acidez gostosa, que não enjoa. Lembra, pois, os vinhos de antão, antes da era Robert Parker
Então, a grande conclusão é que Fonte das Raparigas – para com isso, Zé, Fonte da Galega, é um vinho.
Se me permite, é um vinho do pecado. Ia dividir com uma amiga portuguesa e cometi os pecados da usura, do egoísmo e faltei com a caridade, pois bebi todo. É verdade que isso se fez necessário para extrair tudo do vinho, deixando apenas a garrafa para a Rosário reclamar na segunda-feira. Despertou outro pecado, a cobiça e só posso desejar que não seja um vinho divino, pois poderei voltar a bebê-lo nas quebradas da vida. E, finalmente, a preguiça. pois ninguém aguenta tanto trabalho.
Fui claro?

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