quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Kaiken produz joia em vinhedo de 150 anos


Na visita à Kaiken, o reencontro com o
enólogo  Rogélio Rabino,
que já esteve  na Petit Verdot,
 e muitas surpresas, principalmente
o malbec Mai, uma joia engarrafada
 
 
Podia colocar a seguinte manchete: Pequeno vinhedo produz joia. Na matéria, explicaria que a Kaiken, o lado argentino do chileno Aurélio Monte, conta com uma pequena e muito bem cuidada vinha que há 150 anos produz malbec. Toda a colheita é reservada para a produção do Mai, o vinho top da bodega, que antes de chegar às nossas mesas passa por um requintado processo de amadurecimento em carvalho de primeiro uso, bem guardadas num depósito subterrâneo de baixa temperatura e umidade ideal. À media luz, o vinhaço repousa ao som de canto gregoriano. Tudo para nascer um vinho perfeito. Em cada safra, são produzidas 4.500 garrafas.
Durante a visita à Kaiken, em agosto, fomos recepcionados pelo amigo Rogélio Rabino, ex-Finca Sophenia, e que agora é o enólogo da bodega. Tranquilo, ele nos leva a visitar os vinhedos que o orgulham, biodinâmicos cujos herbicida e pesticida são de origem animal: cavalos, ovelhas e patos. Nada de química nessa bodega que busca a certificação de biodinâmicos.

            Depois do pequeno passeio e de conhecer a cava onde é guardado o Mai, que tem um altar para a Santa Angel que marca a Montes e a ave-símbolo da bodega em neon, foi a hora de conferir se tanto esforço vale a pena.

            Ao entrarmos na sala de degustação, nove taças municiadas nos aguardavam. Começamos pelo Torrontés de excelente acidez, leve e cítrico. Passamos pelo rosé malbec, uma grata surpresa pela sua elegância, fruta na medida certa e seco. Os tintos se sucederam. Malbec, cabernet sauvignon e corte foram apresentados a partir dos mais simples e, num crescendo, chegamos ao clímax, digo, Mai.

            Sempre corremos risco de nos frustrar quando esperamos demais de alguma coisa. Com o Mai não houve esse perigo. O vinho é a recompensa do trabalho incessante na busca de qualidade e na produção de um vinho que proporciona prazer supremo. Rendemos, pois nossa graça ao enólogo, aos cantores gregorianos que acalentam incessantemente as barricas adormecidas, esperando o mágico despertar.

            Seguramente, é um dos melhores vinhos que já provei, mas seu preço é alto, mais de R$ 300,00, o que nos faz segurar um pouco as emoções e fugir para o corte fantástico produzido pela Kaiken. A seleção de vinhos degustados e discutidos com Rogélio Rabino é exemplar: cada um vale mais o que custa. (José Rodrigues)

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