domingo, 24 de outubro de 2021

Vivendo, bebendo e aprendendo. Que surpresa!

Vivendo, bebendo

e aprendendo. Que surpresa!


Apesar de ser uma das bebidas

 mais antigas do mundo

 e haver milhares de rótulos no mercado,

o vinho sempre nos traz boas supresas.


José Petit Rodrigues



Não sei se é uma condição para ser jornalista ou um aprendizado nos 55 anos na profissão, mas a rotina nunca me atraiu. Talvez tenha levado essa característica para o mundo do vinho e esteja sempre buscando o novo, sempre fugindo da mesmice. Talvez tenha repartido nos últimos tempos o faro jornalístico com o faro de garimpar bons vinhos...

Esse parágrafo acima é o que chamávamos "nariz de cera". Uma ladainha para se chegar a algum lugar. Aonde quero chegar? A uma conclusão: apesar de ser uma das bebidas mais antigas do mundo e haver milhares de rótulos no mercado, o vinho sempre nos traz boas supresas.

Uma delas foi esta semana: compartilhei uma garrafa de um vinho português que não conhecia, trazida da Terrinha pelo amigo Claudio. Começou bem: safra 2011, uma das melhores do além-mar. E logo surgiu a dúvida: branco com dez anos de vida?

Santa dúvida. Só tem um jeito de saber como o vinho está: abrindo a garrafa. Antes, porém, a leitura do rótulo. Um Grande Reserva 2011, vinhas velhas, blend de Códega do Larinho (já ouviu falar?) Rabigato, Viosinho entre outras. Videiras centenárias, o que explica esse "entre outras". É que, antigamente, diversas uvas eram plantadas no mesmo parreiral. Por não dar para identificar ou em pequena proporção, ganham o genérico "entre outras". O nome? Maritávora, de uma adega estabelecida em 1870 no Douro.

Depois de tanta informação, o grande momento: abrir a garrafa. E ele já se mostrou logo nos primeiros lances. A rolha quebrou, como era de se esperar. Enquanto tentava resolver a questão do melhor jeito, o vinho deu uma de velhinho impaciente: deixou escapar um forte aroma muito agradável, que se espalhou pelo ambiente. Era um bom começo.

Ao ser despejado cuidadosamente na taça, mostrou cor amarelada, bem forte? Será que com um aroma tão bom o vinho estava estragado? Dez anos prum branco...

O aroma foi confirmado logo no primeiro ataque. A torcida agora era só pelo aroma. E aí ele surgiu inteiro ao primeiro gole, pronto, conservando acidez equibrada e uma untuosidade incrível.

Agora, o melhor: curtir o vinho. Um brinde àquilo que é bom e se conserva no tempo. E ele foi surpreendendo cada vez mais, ficando cada vez melhor. Eu e Cláudio concluímos: o melhor branco que já bebemos. Vivendo, bebendo e aprendendo...

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